Shut Up and Listen, por Daniel Bretas (2016)
Shut up and Listen poderia ser uma ode à uma geração asséptica, que se acostumou a interagir com telas e a privilegiar contatos digitais em relação aos reais. Mas após a leitura do primeiro conto percebe-se que o zine se desprende desse ideal para trabalhar camadas mais profundas.
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Com narrativas que inicialmente soam abstratas ou até desconexas entre si, o autor traça um panorama das diversas relações atuais possíveis, sejam elas humanas ou não.
Situadas no ambiente em que a solidão predomina, as histórias são regidas por silêncio e isolamento. A delicadeza dos desenhos e a sutileza com a qual o enredo geral se desenrola tornam a experiência com o quadrinho agradáveis, ainda que as histórias não abordem temas óbvios.
Ao finalizar a leitura, é difícil acreditar que tudo foi apreendido com perfeição. O tempo também é um fator para a interpretação do zine.
Em alguns anos ele pode se tornar ainda mais real... ou não.
A dúvida e o vazio permanecem.
Agora existe o desejo de ouvir.
Porém ninguém mais deseja falar.
